sexta-feira, 21 de maio de 2010

VILLA LANÇA CADERNO DE DEBATES ENFOCANDO O URUGUAI

O deputado estadual ADão Villaverde estará lançando nesta semana
na Fronteira Oeste,
o caderno Debates
editado pelo seu gabinete e que
trata do Uruguai.
Em seu número 15, o Debates
aborda as últimas eleições nacionais
do vizinho país, a convivência na
divisa entre brasileiros e uruguaios
e resgata epi sódios hi s tór icos
ocorridos na fronteira oeste, que são
pouco conhecidos da história oficial
como a primeira greve contra uma
multinacional, ocorrida em 1919, e
uma chacina acontecida no Parque
Internacional de Livramento em 1950.
Além do deputado, que analisa
a vitória de Pepe Mujica eleito
presidente no ano passado, são autores
d a p u b l i c a ç ã o
o j o r n a l i s t a
e h i s t o r i a d o r
J o ã o B a t i s t a
Marçal e o atual
superintendente
r e g i o n a l d a
(Funasa), o uruguaio
Gustavo de Mello
que reside há 27
anos no Brasil. A
publicação tem 36
páginas.
Villa é autor do
ensaio intitulado
‘ V i t ó r i a d a s
mudanças sobre o
conservadorismo e a prepotência
- Acerca das eleições uruguayas’,
elaborado durante as campanhas
eleitorais entre os dois turnos do pleito
que escolheu Mujica para presidir
o Uruguai, no final do ano passado.
Ao incursionar por Montevidéu e
arredores, percebeu que um novo país
está se consolidando aqui ao lado,
desde a primeira vitória da Frente
Ampla, há cinco anos, com Tabaré
Vázquez ungido pelas urnas como
primeiro mandatário da Nação.
O doble-chapa Gustavo de Mello
escreve o texto “Povo novo”, que
trata da vida na fronteira que em
alguns casos, como Rivera/Santana do
Livramento, não passa de um limite
tênue demarcado por uma avenida
onde se pode colocar um dos pés em
cada uma das nações.
Como diz a historiadora Liane
Chipollino Assef na dissertação de
mestrado “Memórias Boêmias: história
de uma cidade da fronteira”, que
contextualiza o ambiente eleitoral
de 1950, a imprensa oficial da época
ignorou a versão das vítimas do
Massacre de Livramento. Assef informa
que a Folha Popular não circulou, O
Republicano destacou a versão da
polícia local e A Platéia, três dias
depois dos episódios, em editorial,
responsabilizou “os adeptos de Stálin
pelo hediondo ato” referindo-se aos
comunistas perseguidos pelas forças
policiais.
E mesmo os candidatos à presidência
- Eduardo Gomes
e Getúlio Vargas
- que dias depois
discursaram em
Livramento não
mencionaram a
chacina embora
tivessem rejeitado
o l o c a l d a
tragédia (o Parque
I n t e r n a c i o n a l )
p r e f e r i n d o
promover comícios
no aeroporto da
Varig e na praça
Barão de Ijuí.
O c e r t o é
que a afamada “Fronteira da Paz”
t rans formou- se em cenár io de
grande violência. E Rivera acolheu
respeitosamente os sobreviventes
brasileiros, como se fossem legítimos
uruguaios.
Estes dois episódios não constam
na história oficial do Rio Grande do
Sul. Portanto não estão nos livros que
louvam heróis fardados, fazendeiros
bombachudos e latifundiários bem
fornidos. Nem estrelam narrativas
que se exigem decorar para enfrentar
provas de conhecimento para ingressar
nas universidades.
Os protagonistas são operários
simples, ativistas de esquerda,
c omu n i s t a s , qu e pe rde r am a
vida procurando lutar contra as
injustiças e as desigualdades e,
sobretudo, defendendo suas opiniões
e seus direitos.
Assim, queiram ou não, estão
incrustados na realidade histórica do
nosso Estado, menos em documentos
formais; mais em coleções de jornais
amarelados pelo tempo, carcomidos
pelas traças e cujas inscrições, forjadas
com tintas de antigos linotipos, vão se
apagando, irreversivelmente.
Mas ainda se pode, apesar de
tudo, buscar preservar a memória e a
verdade, resgatando no nosso passado,
os fatos que seguem, ocorridos no
solo riograndense fronteiriço com o
Uruguai.

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