domingo, 12 de dezembro de 2010

OBRIGADO LULA!








Quanta esperança refletida na euforia que contaminou a Esplanada dos Ministérios no dia de sua posse! Decorridos oito anos, eis que a aprovação de seu governo alcança o admirável índice de 84% que o consideram ótimo e bom. Apenas 3% o reprovam.

O Brasil mudou para melhor. Cerca de 20 milhões de pessoas, graças ao Bolsa Família e outros programas sociais, saíram da miséria, e 30 milhões ingressaram na classe média. Ainda temos outros 30 milhões sobrevivendo sob o espectro da fome e quem sabe o Fome Zero, com seu caráter emancipatório, a tivesse erradicado se o seu governo não o trocasse pelo Bolsa Família, de caráter compensatório, e que até hoje não encontrou a porta de saída para as famílias beneficiárias.

Você resgatou o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e, através dos programas sociais e da Previdência, promoveu a distribuição de renda que aqueceu o mercado interno de consumo. O BNDES tornou as grandes empresas brasileiras competitivas no mercado internacional. Tomara que no governo Dilma seja possível destinar recursos também a empreendimentos de pequeno e médio porte e favorecer nossas pesquisas em ciência e tecnologia.

Enquanto os países metropolitanos, afetados pela crise financeira, enxugam a liquidez do mercado e travam o aumento de salários, você ampliou o acesso ao crédito (R$ 1 trilhão disponíveis), aumentou o salário mínimo acima da inflação, manteve sob controle os preços da cesta básica e desonerou eletrodomésticos e carros. Hoje, 72% dos domicílios brasileiros possuem geladeira, televisor, fogão, máquina de lavar, embora 52% ainda careçam de saneamento básico.

Seu governo multiplicou o emprego formal, sobretudo no Nordeste, cuja perfil social sofre substancial mudança para melhor. Hoje, numa população de 190 milhões, 105 milhões são trabalhadores, dos quais 59,6% possuem carteira assinada. É verdade que, a muitos, falta melhor qualificação profissional. Contudo, avançou-se: 43,1% completaram o ensino médio e 11,1% o ensino superior.

Na política externa o Brasil afirmou-se como soberano e independente, livrando-se da órbita usamericana, rechaçando a ALCA proposta pela Casa Branca, apoiando a UNASUL e empenhando-se na unidade latino-americana e caribenha. Graças à sua vontade política, nosso país mira com simpatia a ascensão de novos governantes democrático-populares na América Latina; condena o bloqueio dos EUA a Cuba e defende a autodeterminação deste país; investe em países da África; estreita relações com o mundo árabe; e denuncia a hipocrisia de se querer impedir o acesso do Irã ao urânio enriquecido, enquanto países vizinhos a ele, como Israel, dispõem de artefatos nucleares.

Seu governo, Lula, incutiu autoestima no povo brasileiro e, hoje, é admirado em todo o mundo. Poderia ter sido melhor se houvesse realizado reformas estruturais, como a agrária, a política e a tributária; determinado a abertura dos arquivos da ditadura em poder das Forças Armadas; duplicado o investimento em educação, saúde e cultura.

Nunca antes na história deste país um governo respaldou sua Polícia Federal para levar à cadeia dois governadores; prender políticos e empresários corruptos; combater com rigor o narcotráfico. Pena que o Plano Nacional dos Direitos Humanos 3 -quase um plágio dos 1 e 2 do governo FHC- tenha sido escanteado por preconceitos e covardia de ministros que o aprovaram previamente e não tiveram a honradez de defendê-lo quando escutaram protestos de vozes conservadoras.

Espero que o governo Dilma complemente o que faltou ao seu: a federalização dos crimes contra os direitos humanos; uma agenda mais agressiva em defesa da preservação ambiental, em especial da Amazônia; a melhoria do nosso sistema de saúde, tão deficiente que obriga 40 milhões de brasileiros a dependerem de planos de empresas privadas; a reforma das redes de ensino público municipais e estaduais.

Seu governo ousou criar, no ensino superior, o sistema de cotas; o ProUni e o ENEM; a ampliação do número de escolas técnicas; maior atenção às universidades federais. Mas é preciso que o governo Dilma cumpra o preceito constitucional de investir 8% do PIB em educação.

Obrigado, Lula, por jamais criminalizar movimentos sociais; preservar áreas indígenas como Raposa Serra do Sol; trazer Luz para Todos. Sim, sei que você não fez mais do que a obrigação. Para isso foi eleito. Mas considerando os demais governantes de nossa história republicana, tão reféns da elite e com nojo do "cheiro de povo", como um deles confessou, há que reconhecer os avanços e méritos de sua administração.

Deus permita que, o quanto antes, você consiga desencarnar-se da presidência e voltar a ser um cidadão militante em prol do Brasil e de um mundo melhor.
Frei Beto - no site Adital

* Escritor e assessor de movimentos sociais

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

OS DONOS DA MIDIA ESTÃO NERVOSOS

O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.

À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.

O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.

Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.

Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.

Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.

Laurindo Leal Filho, na Carta Maior

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

QUANDO O ESTADO QUER, O ESTADO FAZ!

Por Dagberto Reis

O Estado que arrecada , e arrecada muito,deve,ou deveria, devolver estes impostos em forma de politicas públicas para melhorar a vida das pessoas.Trata-se de um principio democrático do verdadeiro Estado. Nem sempre ocorre assim.No entanto, quando o Estado realmente quer o Estado faz, porque o Estado pode. A prova esta na ação desencadeada no Rio de Janeiro na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão,onde o poder paralelo dos chefões do trafico de drogas, há muito tempo desempenhava o papel do Estado a sua maneira na base do terror explorando as deficiências do Poder Público que não cumpre o seu verdadeiro compromisso de cuidar da vida das pessoas. Bastou uma reação forte do Estado ao criar as Unidades de Policia Pacificadoras-UPPs- para que o trafico nervoso desse sinais de que estava acuado.Iniciava ali uma verdadeira guerra civil e o Estado organizado com todos os seus entes mostrava então a sua força vencendo duras batalhas onde contou com o apoio da população, sedenta por paz.
A guera contra o trafico esta longe de ser vencida. Agora o Estado além da segurança e da reconquista da confiança da população com o policiamento comunitário, precisará investir em infra-estrutura urbana, saúde, educação, cultura e lazer nestas comunidades para que então possa ganhar a guerra. Certamente não será uma tarefa fácil, mas o caminho foi aberto, comprovando que quando existe a vontade politica para a transformação não existe mudança impossivel e o verdadeiro Estado democrático e de direito pode ser restabelecido.Para que tudo de certo, tanto no Rio de Janeiro, quanto em qualquer lugar deste Brasil, é preciso que o Estado seja muito mais do que um mero arrecadador de impostos. A implantação de politicas sociais que dialoguem com aquilo que deseja a população,beneficiando aqueles que mais precisam, permitindo o equilibrio social e econômico, podem ajudar a realmente mudar este quadro.Do contrário teremos apenas uma trégua com retorno anunciado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

ENEM: NOS BASTIDORES OS ERROS SÃO ARGUMENTOS PARA OS PRIVATISTAS

Do Blog do Planalto

Com comentário de Luis Carlos Azenha\www.viomundo.com.br

O governo não pretende anular o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010, realizado no último sábado (6/11), e nem refazer as provas para todos os inscritos, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista coletiva à imprensa concedida nesta segunda-feira (8/11), em Brasília (DF). Segundo Haddad, os alunos prejudicados por falhas na impressão em alguns lotes poderão, após a devida apuração por parte do Ministério da Educação (MEC), refazer a prova, sem que haja a necessidade do cancelamento da mesma, uma vez que o princípio da isonomia não foi comprometido.

O Ministro disse ainda que o MEC irá tentar reverter a decisão da 7ª Vara Federal do Ceará de suspender, em caráter liminar, o Enem. O Ministério irá explicar que o uso da Teoria de Resposta ao Item permite a comparabilidade de provas distintas, possibilitando a realização de um novo exame com “questões de mesmo peso”. De acordo com o Ministro, caso a Justiça Federal do Ceará mantenha a decisão, o MEC irá recorrer em instâncias superiores, pois há, por parte do governo, a segurança de que a prova é tecnicamente sustentável.

A prova será reaplicada para quem foi prejudicado. A grande vantagem que nós temos é que, como o Enem, desde o ano passado, responde pela Teoria de Resposta ao Item, essas provas são rigorosamente comparáveis e não é necessário anular o exame como um todo… Em um exame com quase 5 milhões de inscritos, se você não adota esse sistema, compromete-se a isonomia da prova.

Questionado sobre eventuais impactos dos erros de impressão na credibilidade do Enem, Haddad afirmou que a julgar pelo relato de reitores e o aumento em 10% no número de inscritos com relação a 2009, não há razões para acreditar na perda de credibilidade do Enem, que é “irreversível, um caminho sem volta”. O Ministro informou ainda que não há uma data precisa para a reaplicação do teste para os estudantes que foram comprovadamente prejudicados.

Para definir a data temos que observar o calendário universitário e, segundo, verificar quantos estudantes efetivamente terão que refazer. No ano passado, marcamos para cerca de um mês depois. Essa é a previsão.

Sobre os custos para a realização de uma nova prova, Haddad explicou que todas as despesas ficarão a cargo da gráfica que realizou a impressão e que há, ainda, previsão contratual para a cobrança de multa.

PS do Viomundo: As falhas no Enem são lamentáveis. É prato cheio para a oposição, já que estamos falando de milhões de futuros eleitores. Dito isso, é preciso ter em conta os interesses que se movem nos bastidores. São os interesses dos que defendem a perpetuação dos cursinhos e que, em São Paulo, fizeram da Secretaria da Educação um canal de financiamento da grande mídia, como está exposto aqui.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

REAJUSTE DA ÁGUA: ARGUMENTOS NADA CONVINCENTES

Por Dagberto Reis

O procurador juridico do DAE-Departamento de Água e Esgoto- Gilbert Gisler, o Xepa, afirmou em entrevista na manhã de hoje no programa Correspondente Cultura, na Radio Cultura, que o custo de captação e tratamento da água em Bagé era menor do que o custo de funcionamento dos poços de captação em Livramento.Disse com todas as letras que seria melhor captar água do Batuva e tratar. Segundo ele Bagé gastaria R$ 90 mil mês na captação e tratamento e Livramento somente com energia elétrica, acredito que seja das bombas de recalque para levar água até as residências, gasta em torno de R$ 180 mil ao mês. Intrigado parti para uma pesquisa no site do DAEB,muito bom aliás,embora não tenha extamente o que estava procurando que eram os custos da autarquia. Porém neste momento em que o DAE apresenta projeto para reajustar a taxa de água foi muito importante visitar o site do DAEB.Primeiro no site do DAEB funciona a impressão da segunda via da conta, prometida aqui quando da instalação do sistema informatizado de quase R$ 1 milhão, e que até hoje nunca funcionou. Ao que me consta o DAEB não pagou tanto assim pelo seu sistema de informática.O DAEB tem 15 reservatórios que acredito também necessitem de energia elétrica para funcionar.Lá a taxa social com direito a 15 metros cubicos para residÊncias de até 40 metros quadrados incluindo água e esgoto é de R$ 11,12( aqui esta proposto R$ 15,66) e a de residências com até 60 metros quadrados de R$ 21,81( aqui a residencial sem especificar tamanho da residência tem proposta de R$ 27,29). A forma de cobrança é diferenciada,mas os valores estão abaixo, portanto, do que é cobrado em Livramento.A população de Bagé é superior a 100 mil habitantes e todos sabem das dificuldades vividas pelos moradores da cidade para o abastecimento de água através das barragens da Sanga Rasa,Pirai e Emergencial que passam por uma estação de tratamento para depois chegarem a casa dos bageenses.Apenas estes dados que coletei no site do DAEB já são suficientes para derrubar este comparativo e a argumentação, a justificativa de reajuste que o governo municipal propõe para as taxas de água e esgoto.
A imprensa e a oposição tem cobrado da atual direção os motivos que levaram o DAE a situação de caos financeiro em que se encontra.Ninguem quer que o João Carretes ou o Chico Ferrão, detonem os diretores que os antecederam, mas que tenham a humildade de reconhecer que o DAE funcionaria mesmo sem o atual sistema de informatização, cujo custo aliás o Carretes diminiuiu de R$ 60 mil ao mês para R$ 22 mil ao mês e que a contratação de funcionários através de concurso público, o que é legal, perfeito, poderia aguardar mais um pouco.As decisões tomadas foram muito mais politicas do que propriamente de gestão. O impacto orçamentário e financeiro não foi feito corretamente, as previsões de arrecadação falharam e a divida ativa do DAE, hoje apresentada em torno de R$ 17 milhões é ficticia, porque muitas destas dividas já prescreveram com cinco anos , ou mais, até dez anos.Decisões politicas tem resposta politica, seja da sociedade ou da oposição.O DAE terá de cobrar a sua divida ativa, é o que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF- continuar corrigindo as taxas de acordo com o IGP-M e diminuir alguns custos, quem sabe o de energia.O povo santanense não pode pagar a conta do mau gerenciamento que levou a autarquia a esta situação, para que tudo volte como antes no DAE.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ÓDIO E PRECONCEITO PLANTADOS CONTRA NORDESTINOS NA INTERNETE

Rodrigo Viana em O Escrevinhador


O vídeo que indico abaixo é de revirar o estômago. Lança luz sobre um Brasil que muitas vezes não gostamos de ver. O Brasil do ódio.

http://www.youtube.com/watch?v=tCORsD-hx0w

A campanha conservadora movida pelos tucanos, a misturar religião e política, trouxe à tona o lodo que estava guardado no fundo da represa. A lama surgiu na forma de ódio e preconceito. Muita gente gosta de afirmar: no Brasil não há ódio entre irmãos, há tolerância religiosa. Serra jogou isso fora. A turma que o apoiava infestou a internet com calúnias. E, agora, passada a eleição, o twitter e outras redes sociais são tomadas por manifestações odiosas.

Como se vê no vídeo acima, não foi só a tal Mayara (estudante de Direito!!!) que declarou ódio aos nordestinos. Há muitos outros. Com nome, assinatura. É fácil identificar um por um. E processar a todos! O Ministério Público deveria agir. A Polícia Federal deveria agir.

E nós devemos estar preparados, porque Serra fez dessas feras da direita a nova militância tucana. Jogou no lixo a história de Montoro e Covas. Serra cavou a trincheira na direita. E o Brasil agora colhe o resultado da campanha odiosa feita por Serra.

Desde domingo, muita gente já fez as contas e mostrou: Dilma ganharia de Serra com ou sem os votos do Nordeste. Não dei destaque a isso porque acho que é – de certa forma – uma rendição ao pensamento conservador. Em vez de dizer que Dilma ganhou “mesmo sem o Nordeste”, deveríamos dizer: ganhou – também – por causa dos nordestinos. E qual o problema?

E deveríamos lembrar: Dilma ganhou também com o voto de quase 60% dos mineiros e dos moradores do Estado do Rio.E ganhou com quase metade dos votos de paulistas e gaúchos.

Parte da imprensa – que, como Serra, não aceita a derrota e tenta desqualificar a vitoriosa - insiste no mapinha ”Estados vermelhos no Norte/Nordeste x Estados azuis no Sul/Sudeste”. O interessante é ver - aqui - a votação por municípios, e não por Estados: há imensas manchas vermelhas nesse Sul/Sudeste que alguns gostariam de ver todo azulzinho.

No Sul e no Sudeste há muita gente que diz: “não ao ódio”. Se essa turma de mauricinhos idiotas quiser brincar de separatismo, vai ter que enfrentar não apenas o bravo povo nordestino. Vai ter que enfrentar gente do Sul e Sudeste que não aceita dividir o Brasil.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MÃE DILMA

Neste Dia de Finados vou lembrar de Dilma.Aliás, lembro de Dilma todo o dia.Não tive o prazer de conhece-la.Ouço daqueles que com ela conviveram os mais variados elogios a sua beleza, o seu amor pela vida,a sua coragem e capacidade para o trabalho e especialmente a facilidade para se comunicar e fazer novos amigos e amigas.Dilma não é um nome muito comum,conheço poucas Dilmas.É um nome raro mas não inédito, como o fato de uma mulher ser eleita presidente do Brasil, com o nome Dilma.A mestre em urubologia da Rede Globo, Miriam Leitão,até tentou desmanchar este ineditismo afirmando que a Princesa Isabel, no Brasil Império, havia assumido como governante em alguns periodos substituindo o seu pai Dom Pedro II.Esqueceu a urubologa, que até já previu a derrocada econômica do Brasil, que todos estão se referindo a primeira mulher eleita presidente , do Brasil Republica.Talvez com a derrota de Serra, ela até pense no retorno da monarquia. Vá saber o que passa por mentes carregadas de ódio que destilam o seu veneno como serpentes.
Tenho saudades de Dilma. Certamente se aqui estivesse a minha querida mãe Dilma, que não viu este filho nascer ao perder a vida após o parto, estaria vibrando com a vitória de Dilma Rousseff. Que Deus ilumine Dilma,a minha mãe e a Dilma, presidente do Brasil. De forma solidária, fraterna espero que Dilma não seja apenas a mãe do PAC, mas a mãe de todos os brasileiros, especialmente dos mais necessitados que clamam por inclusão e justiça social.Que Dilma tenha a visão estratégica necessária para que a nação brasileira siga seu rumo desenvolvimentista,respeitada no mundo inteiro.Que tenha a sapiência de cuidar bem do seu povo,com humildade, sem tripudiar sobre os derrotados,mas com firmeza suficientes para conduzir as reformas necessárias ao País e sem esmorecer diante daqueles que combatem as politicas sociais,defendendo o Estado minimo.Que Dilma seja verdadeiramente a seguidora de Lula.
Depois de 48 anos tenho mais uma Dilma na minha vida, o que de certa forma representa um conforto espiritual.Viva mãe Dilma !

OS MITOS SOBRE A ELEIÇÃO DE DILMA

Por Marcos Coimbra, na CartaCapital



Sim e não. Porque, na política, nem sempre os fatos e as versões coincidem. E as coisas que se dizem a respeito deles nos levam a percebê-los de maneiras muito diferentes.

Nenhuma versão muda o resultado, mas pode fazer com que o interpretemos de forma equivocada. Como consequência, a reduzir seu significado e lhe diminuir a importância. É nesse sentido que cabe falar em nova batalha, que se trava em torno dos porquês e de como chegamos a ele.

Para entender a eleição de Dilma, é preciso evitar três erros, muito comuns na versão que as oposições (seja por meio de suas lideranças políticas, seja por seus jornalistas ou intelectuais) formularam a respeito da candidatura do PT desde quando foi lançada. E é voltando a usá-los que se começa a construir uma versão a respeito do resultado, como estamos vendo na reação da mídia e dos “especialistas” desde a noite de domingo.

O “economicismo”

O primeiro erro a respeito da eleição de Dilma é o mais singelo. Consiste em explicá-la pelo velho bordão “é a economia, estúpido!”.

É impressionante o curso que tem, no Brasil, a expressão cunhada por James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, quando quis deixar clara a ênfase que propunha para o discurso de seu cliente nas eleições norte-americanas de 1992. Como o país estava mal e o eleitorado andava insatisfeito com a economia, parecia evidente que nela deveria estar o foco do candidato da oposição.

Era uma frase boa naquele momento, mas só naquele. Na sucessão de Clinton, por exemplo, a economia estava bem, mas Al Gore, o candidato democrata, perdeu, prejudicado pelo desgaste do presidente que saía. Ou seja, nem sempre “é a economia, estúpido!”.

Aqui, as pessoas costumam citar a frase como se fosse uma verdade absoluta e a raciocinar com ela a todo momento. Como nas eleições que concluímos, ao discutir a candidatura Dilma.

É outra maneira de dizer que os eleitores votaram nela “com o bolso”. Como se nada mais importasse. Satisfeitos com a economia, não pensaram em mais nada. Foi o bolso que mandou.

Esse reducionismo está equivocado. Quem acompanhou o processo de decisão do eleitorado viu que o voto não foi unidimensional. As pessoas, na sua imensa maioria, votaram com a cabeça, o coração e, sim, o bolso, mas este apenas como um elemento complementar da decisão. Nunca como o único critério (ou o mais importante).

A “segmentação”

O segundo erro está na suposição de que as eleições mostraram que o eleitorado brasileiro está segmentado por clivagens regionais e de classe. Tipicamente, a tese é de que os pobres, analfabetos, moradores de cidades pequenas, de estados atrasados, votaram em Dilma, enquanto ricos, educados, moradores de cidades grandes e de estados modernos, em Serra.

Ainda não temos o mapa exato da votação, com detalhe suficiente para testar a hipótese. Mas há um vasto acervo de pesquisas de intenção de voto que ajuda.

Por mais que se tenha tentado, no começo do processo eleitoral, sugerir que a eleição seria travada entre “dois Brasis”, opondo, grosso modo, Sul e Sudeste contra Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os dados nunca disseram isso. Salvo no Nordeste, as distâncias entre eles, nas demais regiões, nunca foram grandes.

Também não é verdade que Dilma foi “eleita pelos pobres”. Ou afirmar que Serra era o “candidato dos ricos”. Ambos tinham eleitores em todos os segmentos socioeconômicos, embora pudessem ter presenças maiores em alguns do que em outros.

As diferenças no comportamento eleitoral dos brasileiros dependem mais de segmentações de opinião que de determinações materiais. Em outras palavras, há tucanos pobres e ricos, no Norte e no Sul, com alta e com baixa escolaridade. Assim como há petistas em todas as faixas e nichos de nossa sociedade.

Dilma venceu porque ganhou no conjunto do Brasil, e não em razão de um segmento.

O “paternalismo”

O terceiro erro é interpretar a vitória de Dilma como decorrência do “paternalismo” e do “assistencialismo”. Tipicamente, como pensam alguns, como fruto do Bolsa Família. Contrariando todas as evidências, há muita gente que acha isso na imprensa oposicionista e na classe média antilulista. São os que creem que Lula comprou o povo com meia dúzia de benefícios.

As pesquisas sempre mostraram que esse argumento não se sustenta. Dilma tinha, proporcionalmente, mais votos que Serra entre os beneficiários do programa, mas apenas um pouco mais que seu oponente. Ou seja: as pessoas que tinham direito a ele escolheram em quem votar de maneira muito parecida à dos demais eleitores. Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, os candidatos do PSDB aos governos estaduais foram eleitos com o voto delas.

Os três erros têm o mesmo fundamento: uma profunda desconfiança na capacidade do povo. É o velho preconceito de que o “povo não sabe votar” que está por trás do reducionismo de quem acha que foi a barriga cheia que elegeu Dilma. Ou do argumento de que foram o atraso e a ignorância da maioria que fizeram com que ela vencesse. Ou de quem supõe que a pessoa que recebe o benefício de um programa público se escraviza.

É preciso enfrentar essa nova batalha. Se não, ficaremos com a versão dos perdedores.

* Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

domingo, 31 de outubro de 2010

POR UM BRASIL JUSTO E DIGNO

Ao longo desta campanha, apresentei o compromisso de dar continuidade aos avanços obtidos por nossa democracia, em especial no governo Lula
Para um país que viveu boa parte da sua história mergulhado no autoritarismo, poder decidir seu futuro nas urnas, com liberdade, será sempre um momento de festa e de orgulho. Hoje, escolhemos os nossos governantes debatendo, criticando, com liberdade de imprensa e de opinião, inseridos na realidade viva e plural de um verdadeiro Estado democrático de Direito.
É sempre oportuno lembrar que gerações de brasileiros sonharam em poder viver disputas eleitorais como a que hoje vivemos, podendo falar e escrever o que pensam, defender em voz livre o que acham justo, convivendo sem ódio, com tolerância e respeito aos que não compartilham da mesma opinião.Muitos lutaram, sofreram e deram suas vidas para que isso fosse possível. A nossa democracia é fruto da luta, das lágrimas e da vida de homens e de mulheres que, no passado, não tiveram medo de abrir as portas para o futuro que hoje nos orgulhamos de viver.


Neste domingo, a democracia nos dará, mais uma vez, a oportunidade de continuar a construir um país melhor e mais justo.Nos últimos oito anos, a nossa democracia provou que é possível fazer com que o Brasil cresça de maneira sustentada, econômica e ambientalmente, distribuindo renda e promovendo justiça social.


Provou que é possível construir um novo país, corrigindo o passado e planejando o futuro, em uma madura convivência entre as instituições republicanas e uma sociedade plural, ativa e vigilante. Provou que o brasileiro pode se orgulhar de viver em nosso país, falando com potências estrangeiras de igual para igual, sem arrogância, mas também sem subserviência.


O país da submissão ao Fundo Monetário deu lugar ao Brasil do Fundo Soberano, com reservas expressivas, e do pré-sal.Ao longo desta campanha, apresentei ao país o compromisso de dar continuidade aos extraordinários avanços obtidos pela nossa democracia, em especial durante o governo Lula.


Sob o comando de um presidente nascido nas camadas mais pobres da população, vivemos uma transformação histórica profunda. Superamos a estagnação e começamos a combater a desigualdade, inaugurando uma nova era de prosperidade, justiça e otimismo no país.É necessário que essa transformação continue.


O país da recessão deu lugar a uma economia dinâmica, que gerou 15 milhões de empregos formais, multiplicou exportações e fez renascer setores estratégicos como a indústria naval, a construção civil e a agricultura familiar.


Por outro lado, ninguém pode negar que a ascensão à cidadania de 28 milhões de pessoas que saíram da pobreza, graças ao crescimento econômico e a programas sociais abrangentes e eficazes, deu uma dimensão substantiva, e não meramente formal, ao desenvolvimento da nossa democracia.


É como também devemos ver os 36 milhões de brasileiros na nova classe média, ou os quase 2 milhões de jovens no ensino superior, graças ao ProUni e às universidades públicas que devemos seguir ampliando. Seguindo por esse caminho, alcançaremos novo patamar, em que a noção de liberdade ultrapassa o justo direito de reivindicar.Por tudo isso, contados os votos, seja qual for a decisão soberana da maioria dos brasileiros, devemos voltar os olhos para o futuro e somar forças, na construção de um país ainda melhor.


A democracia foi conquistada pelos brasileiros como um valor fundamental. E, pela força do voto, ela fará com que o Brasil continue seu processo de transformação na busca de uma vida digna, justa e feliz para todos.


DILMA ROUSSEFF, 62, ex-ministra de Minas e Energia e ex-chefe da Casa Civil (governo Lula), é candidata à Presidência da República pela Coligação para o Brasil Seguir Mudando.

A VITÓRIA DO BRASIL




Por Dagberto Reis

A urna eletrônica da seção 179, localizada na Escola Municipal Silveira Martins receberá meu voto.Dentro de algumas horas vou digitar o 13 na urna eletrônica, assim como farão milhares de brasileiros em seções eleitorais espalhadas por todo este país. Vou votar em Dilma, eleger a primeira mulher presidente do Brasil, o que convenhamos significa quebrar um preconceito, tanto quanto foi eleger por duas vezes um torneiro mecânico, um operário, retirante nordestino.
A vitória de Dilma será a vitória de um projeto que mudou o Brasil, diminuiu desigualdades sociais,melhorou a economia, acelerou o desenvolvimento e devolveu a auto-estima ao povo,já cansado da nossa subserviência a nações poderosas.Do Brasil que deixou de ser devedor e virou credor do FMI.É neste projeto de nação, representado por Dilma, que vou votar daqui a pouco para o Brasil continuar mudando, melhorando a vida das pessoas, permitindo que elas possam ter acesso a alimentação,educação de qualidade, casa própria e saúde. O Brasil verdadeiro , não aquele da mentira,das promessas vãs, da baixaria repugnante e da disseminação do ódio,principalmente o religioso.Vou votar no Brasil do Bolsa Familia, maior programa de transferência de renda do mundo, no Brasil do Luz para Todos que levou energia aos fundões de campo onde jamais se imaginou um dia chegaria a luz elétrica, no Brasil do PRoUNi, que beneficiou mais de 700 mil estudantes, no BRasil que criou 14 novas universidades federais, entre elas a Unipampa, onde hoje tenho a oportunidade de estudar.Este é o Brasil que acredito vai continuar a avançar conduzido por Dilma,uma mulher de coragem que não fugiu a luta no enfrentamento aos duros anos da ditadura.Uma economista, técnica,gerentona,durona,cintura dura no jogo politico,como queiram defini-la, mas acima de tudo uma gestora que mostrou suas qualidades e competência em oito anos do governo Lula,principalmente na condução de dois projetos fundamentais para diminuir desigualdades e recuperar o atraso deste país, o MInha Casa, Minha Vida e o PAC-Programa de ACeleração do Crescimento.Nenhuma novidade para nós gauchos que já a conheciamos do governo Olivio Dutra,onde com visão estratégica criou o Atlas Eólico do RS, que hoje beneficia a nossa Santana do Livramento com um parque eólico.É nesta Dilma, na continuidade do governo Lula, o melhor presidente da nossa história que vou votar, convicto de que estou fazendo a minha parte por um Brasil melhor, para todos e todas.Um Brasil sem excluidos,sem ódio,sem veneno, sem revanchismo, sem rancores.Um Brasil democrático,soberano que como muito bem disse Chico Buarque, não fala fino com os Estados Unidos, nem grosso com a Bolivia.Um Brasil solidário e em expansão,propiciando a todos nós a certeza de que estamos trilhando o caminho de muitas vitórias. Uma delas chegará daqui a algumas horas com Dilma, presidente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MUDANÇAS NO COMANDO DA GLOGO

Laerte Braga

Os estragos causados pelo episódio da bolinha de papel atirada contra o candidato José FHC Serra são de grande monta na REDE GLOBO. A reação indignada de alguns jornalistas, em São Paulo principalmente, a preocupação com o bombardeio e desafios de outras redes em torno do noticiário do JORNAL NACIONAL sobre o episódio, tudo isso e muitos fatos outros, estão levando a direção geral do grupo a avaliar se promovem Ali Kamel para cima e afastam o todo poderoso do departamento de jornalismo, ou se simplesmente entram num acordo e Kamel vai cantar noutra freguesia.

A bolinha de papel não se desmanchou na água e acabou sendo a gota que faz transbordar.

A decisão será tomada após as eleições. Carlos Augusto Montenegro, diretor presidente do IBOPE, aumentou as preocupações do comando do grupo ao levar a informação que a bolinha de papel terá custado alguns pontos preciosos a José FHC Serra nas intenções de votos e Dilma teria hoje algo em torno de 16% de vantagem sobre o tucano.

O temor da GLOBO não está no fato do JORNAL NACIONAL ter apresentado um parecer forjado em torno do incidente envolvendo José FHC Serra. A mentira é intrínseca ao grupo. Mas no risco de crescimento das redes concorrentes. A RECORDE a mais próxima nos números de audiência e no que isso pode representar a curto, médio ou longo prazo para o “esquema”

O império de Roberto Marinho, pela primeira vez, parece estar sentindo o golpe, se vendo nas cordas e apostando fichas numa improvável eleição de José FHC Serra, mesmo assim, a um preço alto demais.

Para alguns setores do comando do grupo a empresa não é como VEJA. Tem preocupações com o parecer ser e não pode entrar numa zona de turbulência sem perspectiva de uma saída tranqüila. Ou pelo menos tenta fazer crer que é diferenciada. Banditismo de estilo mais nobre. Sangue azul.

A sorte de Ali Kamel está ligada à eleição de José FHC Serra e a própria GLOBO sabe que, a essa altura do campeonato, essa chance é mínima. Nem coelho da cartola, nem uma legião de coelhos.

E há quem entenda que o diretor de jornalismo comprometeu a credibilidade da rede e é preciso recuperá-la o mais rápido possível. O nível a que a grande mídia, GLOBO à frente, levou a campanha, o mais baixo da história das campanhas presidenciais no Brasil, pode afetar para além do JORNAL NACIONAL, do departamento de jornalismo, todo grupo.

Um episódio mais ou menos semelhante aconteceu em 1982 quando Armando Nogueira deixou o departamento de jornalismo da rede por conta do escândalo da PROCONSULT. Àquela época o fato revestiu-se de tal gravidade que algo inimaginável aconteceu. Brizola foi aos estúdios da GLOBO numa tentativa da empresa de atenuar os prejuízos causados com outra tentativa, a de fraude na totalização dos votos para o governo do estado do Rio.

Foi o primeiro momento na história de impunidade da GLOBO que a turma se viu acuada.

Kamel não age sozinho e nem monta todo esse sórdido esquema de mentira à revelia dos donos do império. Faz o que faz com aprovação dos senhores do “negócio”. A diferença é que os senhores do “negócio” se preservam nos castelos do baronato Marinho e têm, sempre, um bode expiatório à mão.

Sem falar nos interesses que acoplam a GLOBO a um todo que ultrapassa o setor de comunicações. Os braços são longos a toda a atividade econômica no País em se tratando de interesses escusos. Ou seja, há necessidade de prestar conta aos que pagam e ditam os caminhos do grupo.

Nesta campanha eleitoral os interesses bilionários em jogo e a aposta de todas as fichas na campanha de José FHC Serra parecem ter deixado cegos os moradores do castelo e do PROJAC, uma espécie de centro de mentiras, boatos e cositas más.

A turbulência chegou ao auge no laudo falso do perito Ricardo Molina, prontamente desmentido pelas redes concorrentes e por um fenômeno que a GLOBO ainda não absorveu inteiramente. A blogsfera. Ou seja, o conjunto de blogs independentes de grandes e anônimos jornalistas ou não, a derrubar em cima de cada mentira, a versão global.

Hoje o número de internautas no País é significativo, a repercussão dos comentários em blogs, sites, portais, redes de comunicação acaba por criar uma força quase tão poderosa quanto a GLOBO.

Quase tão poderosa? É a avaliação de alguns especialistas pelo simples fato que, nesta eleição a candidata do PT vence por larga margem entre os eleitores de renda mais baixa (políticas sociais de Lula) e o prejuízo à GLOBO acontece nas chamadas classes médias, divididas entre os dois candidatos e ponderável parcela escapando do fascínio do plim plim.

O poder aquisitivo dos brasileiros aumentou nesses últimos oito anos, há um orgulho nacional com o papel do Brasil no mundo e o que esse novo perfil provoca no mundo da comunicação não foi ainda tratado corretamente pela GLOBO, a mídia privada como um todo, não foi absorvido o que quer dizer que nessa nova realidade ainda tateiam apesar de todos os esforços para diminuir o impacto da transformação.

Foi visível na campanha de Obama, é visível na campanha de Dilma.

Tornou-se mais difícil mentir, enganar, características do grupo e da mídia privada.

O que não quer dizer que até domingo, 31 de outubro, dia da votação, todo o grupo não vá se empenhar na campanha de José FHC Serra e na onda de mentiras e boatos que possam prejudicar Dilma Roussef.

Nem tem como. Equivaleria a um pouso de barriga e os riscos de um incêndio são altos demais numa eventual mudança de posição (fora de propósito), ou correção de rota para uma área neutra.

A gênese da GLOBO é a mentira e o DNA preserva suas principais características até o último suspiro.

O que assusta os donos do “negócio” para além da derrota eleitoral? Um monte de fatores.

Surge uma discussão no Brasil impensável há meses atrás, falo de proporções. Até que ponto é possível a uma empresa/famílias manter o monopólio das comunicações e associada a empresas outras (menores), mas fechando o cerco em torno de quem ainda lê jornal impresso, revistas e que tais?

O que é de fato liberdade de expressão? A mentira? O engajamento em interesses de grupos econômicos nacionais e estrangeiros (associados)?

A tentativa de manipulação de fatos, dados, a sociedade do espetáculo, alienada e conduzida como gado a um matadouro que representa inércia, passividade, medo?

Como vai ficar a televisão e como vai ficar o rádio num futuro próximo diante da internet?

Kamel vai ser a bola da vez como outros.

É prática comum nas máfias. Num determinado momento de um determinado “negócio” que deu errado, a saída é aposentar alguém, garantir-lhe um futuro “risonho” e tentar a volta por cima.

Todo esse processo respinga em Wiliam Bonner (“nada que possa prejudicar nossos amigos americanos”). Sobrevive.

A decisão, consumada a derrota de José FHC Serra, é recuar, mas não tão devagar, nem tão depressa. Não pode parecer fuga, muito menos provocação.

Que seja só um reajuste de comando para tempos novos. Tempos de dividir a exclusividade das transmissões de jogos de futebol e no bye bye Olimpíadas.

E agora, recuperar a credibilidade mínima, abalada pela insensata e irresponsável, de qualquer ângulo que se veja, adesão ao jornalismo marrom que permeia essa campanha eleitoral. Registre-se que jornalismo marrom é característica da GLOBO, surgida nos primórdios do golpe de 1964, na preparação da ditadura militar.

Não sei se chega a ser um nocaute, mas a GLOBO está nas cordas e um tanto tonta.

Quem sabe as mesmas náuseas que “abalaram” José FHC Serra após a bolinha de papel?

Vão fazer uma tomografia e buscar os tratamentos e medicamentos adequados para sobreviver.

UMA RESPOSTA A NOBLAT E AOS BARÕES DA MÍDIA

Carta aberta de Carlos Moura (aposentado, fotógrafo, redator de jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba-MG) para o jornalista de “O Globo” Ricardo Noblat.
http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/de-carlos-moura-com-carinho-para-noblat.html

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Noblat,
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?
Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos anos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Freqüentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.
Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.
O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.
O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala”, “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.
As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.
Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente agüente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.
Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Mônica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.
A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.
Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

terça-feira, 26 de outubro de 2010

É ASSIM QUE ELES PENSAM

A jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha de São Paulo, pensa extamente assim como no texto abaixo.É inteligente o suficiente para reconhecer a realidade e até jogar a toalha, mas não se curva diante do poder popular.Seu candiato é o Serra. Somente ele tem méritos e até perdendo acumula mais do que Dilma.Esquece a colunista da Folha, assim como muitos profissionais da imprensa brasileira que se auto-denominam imparciais de toda a luta de Dilma contra a ditadura, sofrendo na prisão e vivendo sob tortura,enquanto Serra, presidente da UNE-União Nacional dos Estudantes- fugia para o Chile.A propósito ninguem sabe até hoje onde foi parar o dinheiro que estava no cofre da UNE.Esquece ainda todos os avanços sociais deste país.Muitos como Cantanhêde,se dizem democráticos e fingem defender a democracia,mas desde já dão o sinal para o dia seguinte não aceitando a vitória de Dilma.A Folha e sua colunista servirão de parâmetro para outros veiculos e outros jornalistas. Leiam o artigo e fiquem atentos para o futuro, depois de 31 de outubro.

A cinco dias da eleição, a pesquisa Datafolha cristaliza a diferença de Serra e Dilma em 12 pontos dos votos válidos e assim define virtualmente o segundo turno no próximo domingo. Serra não tem armas para lutar por mais votos, nem espaço no eleitorado para crescer e virar a eleição.

Lula, Dilma, o governo, o PT e seus aliados levaram um susto com o resultado do primeiro turno, no dia 3, depois de atravessar meses cantando vitória - e uma vitória que esperavam acachapante. Mas, desde o início, as condições têm sido mais favoráveis a Dilma, apesar das vantagens objetivas do candidato Serra.

Com seus 80% de popularidade, e uma gestão bem avaliada, Lula inventou a candidatura Dilma, passou dois anos empenhado em fazê-la conhecida nacionalmente e não teve pudor em colocar a administração direta, as estatais e todos os meios, maquiavelicamente, para eleger a sucessora. Não poupou nem mesmo o próprio cargo de presidente.

Serra lucrou bravamente, a bordo de seu currículo exemplar de ex-presidente da UNE, 14 anos de exílio, deputado federal, senador, prefeito de São Paulo, governador do Estado mais poderoso do país. Mas não tinha arsenal político e estratégico para enfrentar o canhão Lula e seu exército.

Na reta final, quando Dilma surgia com a cara inchada e parecendo descomposta pelo baque de não chegar nem a 47% no primeiro turno, os tucanos animaram-se com a perspectiva de virada. Mas Lula e Dilma multiplicaram a campanha petista por dois, um para um lado, outro para outro. E conseguiram imagens muito fortes para o programa eleitoral. Uma delas foi a reunião com os artistas no Rio, à frente Chico Buarque. Conseguiram dois efeitos: seguraram a sangria e impediram que os votos de Marina migrassem para o tucano.

Em cinco dias, não há mágica, nem eleitor sobrando para uma virada pró-Serra, mesmo com a perspectiva de que ele tenha melhor desempenho no principal debate de toda a campanha, o da TV Globo, na sexta-feira à noite. Isso pode reforçar a imagem positiva para o pós-campanha, mas, por si só, não é capaz de reverter o quadro.

A eleição, portanto, caminha para a eleição da primeira mulher presidente no Brasil. Ou, na prática, para um terceiro mandato de Lula. A ver.

O GOLPE PREPARADO PARA O DIA 29

A filósofa Marilena Chaui denunciou nesta segunda-feira (25) uma possível articulação para tentar relacionar o PT e a candidatura de Dilma Rousseff à violência. De acordo com ela, alguns partidários discutiram no final de semana uma tática para usar a força durante o comício que o candidato José Serra (PSDB) fará no dia 29.

Segundo Chaui, pessoas com camisetas do PT entrariam no comício e começariam uma confusão. As cenas seriam usadas sem que a campanha petista pudesse responder a tempo hábil. “Dia 29, nós vamos acertar tudo, está tudo programado”, disse a filósofa sobre a conversa. Para exemplificar o caso, ela disse que se trata de um novo caso Abílio Diniz. Em 1989, o sequestro do empresário foi usado para culpar o PT e o desmentido só ocorreu após a eleição de Fernando Collor de Melo.

A denúncia foi feita durante encontro de intelectuais e pessoas ligadas à Cultura, estudantes e professores universitários e políticos, na USP, em São Paulo. “Não vai dar tempo de explicar que não fomos nós. Por isso, espalhem.”

Ela também criticou a campanha de Serra nestas eleições. “A campanha tucana passou do deboche para a obscenidade e recrutou o que há de mais reacionário, tanto na direita quanto nas religiões.”

sábado, 23 de outubro de 2010

OS PERIGOS DA RETA FINAL

Pesquisas internas do PT – avisa-me um colega muito bem informado - mostram que a diferença entre Dilma e Serra segue a se alargar: nesse fim-de-semana, em votos válidos, o resultado é Dilma 57% x Serra 43%.

Desde o debate na “Band” – quando partiu para o confronto, e mudou a pauta do segundo turno – a tendência tem sido essa. O que aparece nas pesquisas Ibope, DataFolha e Vox Populi da última semana - que apontam vantagem entre 10 s 12 pontos para Dilma. Só o Sensus trouxe um levantamento diferente, com vantagem de 5 pontos.

A última capa da “Veja” – que muitos viam como ameaça para Dilma – foi apenas mais um factóide, sem importância, que não para em pé. Além disso, nas bancas de todo o país, estará exposta ao lado da “Istoé” e da “CartaCapital” – que trazem capas desfavoráveis a Serra. Nese terreno, o jogo está empatado. O progama de TV de Dilma segue melhor.

Então, qual seria a aposta de Serra para virar o jogo? Como sempre, a aposta está nas sombras.

Escrevi há alguns dias um texto sobre as “Cinco Ondas” da campanha negativa contra Dilma. O texto está aqui. O desdobramento final dessa campanha de medo e boatos (ou seja, a ”Quinta Onda”) seria ”mostrar” ao eleitor que a “Dilma terrorista” e o “PT contra as liberdades” não são apenas boatos. A Quinta Onda, pra dar resultado, precisa gerar fatos. Não pode viver só de boatos.

Serra parece ter chegado à Quinta Onda, com o factóide da bolinha de papel em Campo Grande. Caiu no ridículo, é verdade. Mas a mensagem que interessa a ele segue no ar (especialmente na Globo): “os petistas agridem, são violentos”.

Por isso, o grande risco dessa reta final é a criação de um factóide de maior gravidade: temo muito pelo que possa acontecer no Rio nesse domingo, com passeatas do PT e PSDB marcadas para o mesmo dia (felizmente, o PT mandou cancelar qualquer atividade na zona sul, onde os tucanos vão marchar).

Serra precisa de tumulto, de militantes tucanos feridos. Ou até de uma agressão mais grave contra ele mesmo. Imaginem só, entrar na última semana de eleição com essa pauta: “PT violento”, “a turma da Dilma é terrorista”. Imaginem Serra com um curativo na cabeça no debate da Globo!

A emissora dirigida por Ali Kamel já mostrou que não terá limites na tarefa de reverberar a onda serrista – seja ela qual for.

Serra quer criar tumulto. Serra precisa do tumulto. Só o tumulto salva Serra.

Rodrigo Viana, em O Escrevinhador

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O CALUNIADOR, FIGURA DA BARBARIE

Por Juarez Guimarães, na Carta Capital

De todas as eleições presidenciais realizadas após a redemocratização, esta é certamente aquela que a calúnia cumpre um papel mais central na definição do voto. Ela foi utilizada em um momento decisivo por Collor contra Lula, compareceu sempre todas as vezes nas quais Lula foi candidato mas agora ela mudou de intensidade e abrangência, tornou-se multiforme e onipresente.

A calúnia foi ao centro da nossa vida democrática. A senhora ao lado no ônibus me diz que recebeu a informação que Dilma desafiou Jesus Cristo em um comício realizado na Praça da Estação, em Belo Horizonte. O motorista de táxi conta que um médico lhe assegurou que um outro médico, seu amigo, diagnosticou gonorréia em Dilma.

Um e-mail recebido traz documento do TSE impugnando a candidatura de Dilma por ter “ficha suja”. Um aluno me diz ter recebido carta em casa da Regional 1 da CNBB, contendo mensagem para não votar em Dilma por ser contra a vida. Um comerciante na papelaria me diz que “não vota em bandida”. Após divulgar o resultado da primeira pesquisa Sensus/CNT para o segundo turno, o sociólogo Ricardo Guedes, afirmou que “nessa eleição, principalmente no final do primeiro turno, temos um fenômeno sociológico de natureza cultural de desconstrução de imagem. O processo de difamação, até certo ponto, pegou.” Quem conhece alguém que não recebeu uma calúnia contra Dilma ?

Houve uma mudança nos meios: a internet permite o anonimato e a profusão da calúnia. A Igreja brasileira, sob a pressão de mais de duas décadas de Ratzinger, tornou-se mais conservadora na sua cúpula e mobiliza hoje uma mensagem de ultra-direita, como não se via desde 1964. A mídia empresarial brasileira, já se sabia, vinha trilhando o seu caminho de partidarização e difamação pública, no qual até o direito de resposta tornou-se um crime contra a liberdade de expressão. Mas tudo isso não havia encontrado ainda o seu ponto de fusão: agora, sim.

O que está ocorrendo aos nossos olhos não pode ser banalizado. O caluniador é uma figura da barbárie, o sinistro que mobiliza o submundo dos preconceitos, dos ódios e dos fanatismos. A calúnia traz a violência para o centro da cena pública, pronunciando a morte pública de uma pessoa, sem direito à defesa. Perante a calúnia não há diálogo, direitos ou tribunais isentos. Na dúvida, contra o “réu”: a suspeição atirada sobre ele, visa torná-lo impotente pois já, de partida, a humanidade lhe foi negada.

Mas quem é o caluniador, essa figura de mil caras e rosto nenhum? É preciso dizer alto e bom som, em público, o seu nome, antes que seja tarde: o nome do caluniador é hoje a candidatura José Serra! Friso a candidatura porque não quero exatamente negar a humanidade de quem calunia. É o que fez, com a coragem que lhe é própria, a companheira Dilma Roussef no primeiro debate do segundo turno, apontando o nome de uma caluniadora – a mulher de Serra – e chamando o próprio de o “homem das mil caras”.

Dia a dia, de forma crescente e orquestrada, a calúnia foi indo ao centro de sua campanha, de sua mensagem, de sua fala, de sua identidade proclamada, de seus aliados midiáticos, de parceiros fanáticos (TFP) ou escabrosos (nazistas de Brasília), de sua estratégia eleitoral e de seu cálculo. “Homem do bem” contra a “candidata do mal”? Homem de uma “palavra só” contra a “mulher de duas caras”? Político “ficha limpa” contra a “candidata ficha suja”? Protetor dos fetos e dos ofendidos (como mostra a imagem na TV) contra aquela que “assassina criancinhas”, como disse publicamente sua mulher? Homem público contra a “mulher das sombras”?

O que está se passando mesmo aqui e agora na jovem democracia brasileira? Que arco é este que vai da TFP a Caetano Veloso, quem , quase em uníssomo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chamou o presidente Lula de analfabeto e ignorante já no início deste ano? Afinal, que cruzada é esta e qual a sua força ?

O que está ocorrendo aqui e agora é uma aliança dirigida por um liberal conservador com o fanático religioso e com o proto-fascista. Cada uma dessas figuras – que sustentam o lugar comum da calúnia – precisa ser entendida em sua própria identidade e voz. A democracia brasileira ainda é o lugar da razão, do sentimento e da dignidade do público: por isso, defender a candidatura Dilma Roussef é hoje assumir a causa que não pode ser perdida.

Liberalismo conservador: o criador e sua criatura – Nunca como agora em que esconde ou quase não mostra a imagem de Fernando Henrique Cardoso, Serra foi tão criatura de seu mestre intelectual. É dele que vem o discurso e a narrativa que, ao mesmo tempo, dá a senha e liga toda a cruzada da direita brasileira.

A noção de que o PT e seu governo ameaçam a liberdade dos brasileiros pois instrumentalizam o Estado, fazem reviver a “República sindical”, formam gangues de corrupção e ameaçam a liberdade de expressão não deixa de ser uma evocação da vertente lacerdista da velha UDN. Mas certamente não é uma doutrina local.

A cartilha do liberal-conservador Fernando Henrique Cardoso é um autor chamado Isaiah Berlin, autor de um famoso ensaio “Dois conceitos de liberdade” e do livro “A traição da liberdade. Seis inimigos da liberdade humana”. Neste ensaio e neste livro, define-se a liberdade como “liberdade negativa”, isto é aquele espaço que não é regulado pelas leis ou pelo Estado contraposto à noção de “liberdade positiva”. Quanto menos Estado, mais liberdade; quanto mais Estado, menos liberdade. Ao confundir liberdade com autonomia, ao vincular liberdade aos ideais de justiça ou de interesse comum, republicanos, sociais-democratas, liberais cívicos e, é claro, socialistas, trairiam a própria idéia de liberdade.

É por este conceito e seus desdobramentos que Fernando Henrique mobiliza o clamor midiático contra o PT e o governo Lula. É este conceito que estrutura também o discurso de Serra, que acusa o governo Lula de ser proto-totalitário. É evidente que o conceito não é passado de forma iluminista: a mídia brasileira tornou-se uma verdadeira artista na criação das mediações de opinião, imagem e notícia que se centralizam, em última instância, neste conceito. Daí ele dialoga com o senso comum.

Seja dito em favor de Fernando Henrique Cardoso: é o lado mais sombrio de seu liberalismo que vem à tona agora, na cena agônica, quando o candidato que representa a sua herança ameaça perder pela última vez. Pois este liberalismo sempre foi de viés cosmopolita, atento em seu diálogo com os democratas norte-americanos e aos “filósofos da Terceira Via”, a certos direitos inscritos na pauta, como aqueles da liberdade sexual, do direito ao aborto legal, dos gays, dos negros, da vida cultural. Mas agora para fazer a ponte com o fanatismo religioso, ele resolveu descer aos infernos: nada sobrou de progressista na candidatura Serra, das ameaças à Bolívia à moral sexual de Ratzinger?

O liberal conservador não é o fanático religioso nem o proto-fascista, aquele que julga que a melhor maneira de dissuadir o adversário é simplesmente eliminá-lo. Mas dialoga com eles na causa comum de derrotar os “proto-totalitários” de esquerda”. Como disse bem, Jean Fabien Spitz, autor de “ O conceito de liberdade”, os ensaios de Berlin trazem o sentido e a tonalidade da época da “guerra fria”.

O fanático religioso: os frutos de Ratzinger – Se a social-democracia, o republicanismo e o socialismo são os inimigos de Berlin, a Modernidade em um sentido amplo é o inimigo central do ex-cardeal Ratzinger. O programa político- teológico que veio construindo a ferro e fogo nestas últimas três décadas é centrado na idéia que é preciso restaurar a dogmática da fé contra os efeitos dissolutivos da moral emancipadora, da racionalização científica e da secularização. Este discurso político, que se fecha no fundamentalismo religioso, como bem denunciou Leonardo Boff, é, na verdade, um discurso de poder, de recentramento do poder do Vaticano.

Neste programa, não é apenas a esquerda enquanto topografia política que é o inimigo mas principalmente o processo de emancipação das mulheres. Entre a “Eva pecadora” e a “Maria mãe de Deus” não há outra identidade possível às mulheres.

A dimensão fundamentalista desde discurso não reconhece o direito do pluralismo na política, nem mesmo na linha do “consenso sobreposto” proposto por John Rawls ( a possibilidade de convergências sobre direitos, partido de um pluralismo de fundamentos). Ou se concorda ou se é proscrito, ex-comungado ou desqualificado.

É essa idéia força, que veio ganhando terreno na hierarquia do clero brasileiro a partir das perseguições à Teologia da Libertação, que agora irrompe na política brasileira, difamando Dilma Roussef. A calúnia é conveniente ao fundamentalista religioso: nesta visão de mundo, não há luz e sombra, não há e não pode haver semi-tons: quando Serra proclamou que o “direito ao aborto no Brasil seria uma carnificina”, ele estava dando a senha para a campanha difamatória da direita católica e evangélica.

O proto-fascista e seus privilégios – Todo processo político e social de democratização e de inclusão tão amplo como o que está se vivendo no Brasil provoca reações de resistência e regressão política à sua volta. Mas este também não é um fenômeno apenas brasileiro: observa-se à volta de nós fenômenos e operações muito típicas daquelas que estão sendo promovidas pela direita republicana norte-americana contra Obama ou que percorrem quase todo o continente europeu em torno ao tema dos imigrantes.

O proto-fascista brasileira não veste camisa preta nem usa suástica no braço ( embora, é claro, ninguém duvide, redes simbolicamente ostensivas estão em ação), nem precisa ser sociologicamente configurado como “lumpen proletariado” ou “pequeno burguesia vacilante”, para lembrar as figuras de uma linguagem simplificadora. O proto-fascista brasileiro é aquele que não quer receber em sua casa comum – a democracia brasileira – estes que não reconhecem mais o seu antigo lugar, os pobres e os negros.

Há uma violência inaudita no ato do jornal liberal “O Estado de São Paulo” em punir com a demissão Maria Rita Kehl, por escrever um artigo em prol da dignidade dos pobres. Esta violência, que está muito distante do proclamado pluralismo mesmo restrito de alguns liberais, cheira a proto-fascismo, este ato que pretende abolir as razões públicas dos pobres simplesmente negando dignidade a eles.

A força da liberdade que hoje mora no coração dos brasileiros, os braços abertos do Cristo Redentor e o que há de imaginação e magnífica pulsão de vida na cultura popular dos brasileiros são os verdadeiros antídotos contra as figuras do ódio do caluniador. Por detrás da sua máscara, o povo brasileiro há de reconhecer os centenários adversários de seus direitos.

Diante do caluniador, somos todos hoje Dilma Roussef!

NO DATAFOLHA VITÓRIA DE DILMA

Do Blog do Noblat

O DataPolvo, instituto de pesquisa deste blog, informa: a Folha de S. Paulo, que começará a circular dentro de algumas horas, trará a mais recente pesquisa Datafolha sobre intenção de votos.

Dilma aparece com 56% dos votos válidos contra 44% de José Serra. No total de votos, incluídos brancos, nulos e indecisos, Dilma 50% e Serra, 40%.

Na comparação com a pesquisa anterior aplicada nos últimos dias 14 e 15, Dilma oscilou 2 pontos percentuais para mais e Serra dois para menos.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

DILMA AMPLIA VANTAGEM

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, está 11 pontos porcentuais à frente de José Serra (PSDB), segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada nesta quarta-feira, 20. A petista tem 51% das intenções de voto contra 40% de José Serra (PSDB). Votos brancos e nulos somam 5% e 4% não sabem ou não responderam.

Considerando-se apenas os votos válidos (excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos), Dilma teria 56% contra 44% do tucano.

A petista quase dobrou a diferença em relação ao tucano registrada na pesquisa anterior, realizada entre os dias 11 e 13 de outubro. Naquele levantamento, Dilma tinha 49% das intenções de voto (53% dos votos válidos) contra 43% de Serra (47% dos votos válidos). No primeiro turno, a candidata do PT teve 46,9% dos votos válidos, contra 32,6% do adversário.

A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 20 de outubro e está registrada no TSE sob o protocolo 36476/2010. Foram realizadas 3010 entrevistas em 201 municípios de todo o País. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo.

TERRORISMO ELEITORAL

Por Fabio Regio Bento

Estávamos em 1969, eu tinha seis anos. Tomei banho, mudei de bermudas, coloquei uma camiseta listrada, dourado e azulão. Na casa de um amigo, a conversa era em tom assustador. Adultos preocupados com a possível passagem pela cidade de dois “terroristas tupamaros”, do Uruguai. Eu não sabia o que era um terrorista e muito menos um tupamaro. Na rua, sozinho, notei que havia um Jeep com dois desconhecidos. Fugi com medo de que fossem os tais tupamaros.

O medo dos tupamaros gerou, também, a curiosidade. Seriam eles como homens de ferro? Ou como o Thor? Minha compreensão das coisas estava associada aos meus brinquedos. “Os tupamaros são comunistas”, ouvi. Continuei sem entender. Terrorista, tupamaro, comunista, palavras diferentes, todas elas associadas ao medo e, também, ao mistério.

Dez anos depois, entrei numa favela, com um amigo, para deixar uma caixa de mantimentos para uma família pobre. Fiquei horrorizado. Em vez de ir embora, após entregar as doações permaneci lá, conversando. Um casal jovem, ele trabalhava 13 horas por dia numa olaria e ganhava muito pouco. “Pobre não é pobre porque não quer trabalhar”, concluí. Na minha escola, comecei a ler livros de história para tentar entender por quais motivos algumas pessoas, mesmo trabalhando 13 horas por dia, não tinham um salário digno.

Continuei frequentando as favelas. Continuei lendo. Continuei com aquele desejo novo de mudar o mundo, ou, ao menos, a cidade. “Como mudar?”, perguntei-me. Lendo, descobri: por meio de reformas ou de revolução. Na cidade de Pelotas, uma palestra sobre mudanças e revolução, para alguns convidados. “Sou comunista, mas não como criancinhas”, disse o palestrante, rindo, brincando. Lembrei-me logo de meus medos de infância, o medo dos comunistas tupamaros. Como já escrevi outras vezes, foi pelos caminhos da vontade de mudar o mundo que fiz amizade com alguns comunistas.

Descobri, depois, quem foi o lutador Tupac Amaru, de onde o nome tupamaros. Um revoltado, como eu, como você, contra as injustiças sociais. Ao ler o livro “Batismo de Sangue”, do frei Betto, percebi que terrorismo foi palavra usada pela oposição. Terroristas seriam bandidos de esquerda? Depende. Há casos e casos. Há os que deixaram o país logo depois do golpe de 1964. E há os que ficaram, para resistir, para tentar tirar da cadeia os amigos que estavam sendo torturados, presos sem direito à defesa.

Terrorismo, no Brasil, não foi coisa de bandido de esquerda, mas coisa de bandido de direita, torturadores, pais culturais dos que hoje entopem nossas caixas de e-mails com mensagens difamantes contra uma mulher, cidadã brasileira, mãe e avó. Dilma não é uma bandida de esquerda, e José Serra não foi concebido sem pecado original.

Fábio Régio Bento
Professor Adjunto de Sociologia na Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Bacharel em Ciências Sociais, Mestre em Ciências Sociais, Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade San Tommaso (Roma, 1996). Bacharel em Teologia; Mestre em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense (Roma, 1992). Articulista do Jornal Notisul. fabiobento@unipampa.edu.br

DENUNCIE O TELEMARKETING DA CALUNIA CONTRA DILMA

Eleitores e eleitoras de vários estados vêm recebendo diariamente ligações telefônicas com propaganda negativa contra a candidata Dilma Rousseff. Hoje, os advogados da coligação Para o Brasil Seguir Mudando entraram com um requerimento para abertura de inquérito na Polícia Federal, que vai apurar as denúncias e apontar os eventuais responsáveis.

A intenção é identificar os responsáveis pelo serviço de telemarketing, cuja ação configura crime eleitoral por conta das calúnias e difamações ditas nos telefonemas. Até agora, a campanha de Dilma recebeu dezenas de denúncias sobre ligações para vários estados, entre eles Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Todas as pessoas informaram que o número de telefone que faz as ligações tem código 48, da região de Florianópolis (SC).

O "telemarketing da calúnia" foi denunciado na semana passada por meio de uma reportagem dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas. Trata-se de um novo procedimento dos adversários de Dilma, que espalharam uma série de boatos por e-mails e panfletos contra a candidata nos últimos meses.

Como denunciar

Se você receber algum destes telefonemas com propaganda negativa contra Dilma, entre em contato com o site Dilma13 www.dilma13.com.br, deixe um comentário para a seção "Em nome da verdade".

Entre em contato com a central antiboato da campanha pelo e-mail espalheaverdade@dilmanarede.com.br ou pelo telefone (61) 4062- 0808, de Brasília ou no caso do Rio Grande do Sul ligue para (51) 40620808

Enquanto a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral investigam o caso do "telemarketing da calúnia", os blogueiros e usuários do Twitter passaram o dia de hoje alertando as pessoas para as ligações ilegais contra Dilma.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CAMPANHA DE SERRA USA TERRORISMO DIFUSO CONTRA DILMA

O jornalista Rodrigo Vianna foi o primeiro a alertar, em seu blog, sobre a onda de boatos contra Dilma que estava ocorrendo nas igrejas e na internet. Na ocasião, o comando de campanha petista não tomou providências e depois teve que correr atrás do prejuízo no 2o. turno. Agora, Vianna faz outro alerta sobre nova onda de ataques deflagrada pela campanha tucana. Veja abaixo a íntegra da denúncia:
Enquanto alguns no PT comemoram o Vox Populi, Serra já contra-ataca. Vamos deixar claro: essa é a eleição dos movimentos subterrâneos, não captados pelas pesquisas. No primeiro turno, o PT acreditou nas “qualis” e na “eleição decidida”. Os boatos moveram a montanha e levaram Serra (com a mãozinha verde de Marina) para o segundo turno.
Agora, as pesquisas refletem o bom momento de Dilma, que mudou a pauta semana passada (trouxe à tona Paulo Preto, privatizações e a onda de baixarias).
Só que já há uma nova onda, que pode ter reflexos nas pesquisas da semana que vem: é o terrorismo difuso! Ele vem na forma de panfletos (distribuídos de porta em porta nas áreas mais pobres do Nordeste), com afirmações maldosas sobre a vida sexual de Dilma; e vem , também, na forma de um gigantesco esquema de telemarketing.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CRIME ELEITORAL: PANFLETO CONTRA DILMA SAIU DE GRAFICA DE UMA TUCANA

A Polícia Federal apreendeu neste domingo (17), por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de um milhão de panfletos que incitam voto contra a candidata à Presidência Dilma Rousseff — da coligação Para o Brasil Seguir Mudando. O material cita a posição favorável à descriminalização do aborto como argumento contra da candidata.
A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi. Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista. A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão do material atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou pela impressão.

O coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra disse que o fato de sua irmã ser sócia da gráfica Pana é uma coincidência. A assessoria da campanha de Serra negou qualquer relação entre o candidato e a produção dos panfletos.

"A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT", diz a nota.

Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis".

O panfleto é o mesmo distribuído na terça (12) em Aparecida (SP), pregando voto em candidatos que são contra o aborto nas eleições 2010.

As peças contêm o logo da CNBB, assinaturas eletrônicas de membros importantes da entidade e ataques ao PT, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Dilma. Nelas, o partido é acusado de "comprometer-se a legalizar o aborto", "reconhecer o aborto como direito humano da mulher", e "descriminalizar o aborto até o nono do mês de gravidez".

Crime eleitoral

Dilma definiu como “crime eleitoral” a distribuição do material assinado por membros da diocese ligada à CNBB. “É um crime eleitoral. Eu acho que tem uma central de boatos fazendo ofensiva contra a minha candidatura. Que são nitidamente ilegais e merecem ser investigados.

A candidata disse que o efeito da ação beneficia José Serra, mas não fez nenhuma ligação entre o tucano e a confecção dos panfletos. “Não é do meu feitio sair acusando sem investigação. Sabemos a quem beneficia: ao meu adversário. Se foi ele ou não, resta ser provado”.

CNBB

Bispos do braço paulista da CNBB divulgaram nota neste domingo na qual dizem que "não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos". No entanto, o bispo que assina a nota, dom Nelson Westrupp (de Santo André), presidente a Regional Sul 1 da CNBB, também assina o texto reproduzido nos panfletos apreendidos.

"O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos", diz a nota divulgada no domingo em Indaiatuba (SP). Os bispos que comandam a regional não quiseram falar após a apreensão dos panfletos.

Cerca de 50 bispos paulistas se reuniram durante duas horas no sábado (16) para redigir a nota que demonstra o recuo da regional. Eles avaliaram que o erro do texto de agosto, já retirado do site da regional, foi ter citado o PT e feito referência a Dilma.

"O erro que foi a apresentação de siglas partidárias. Isso não poderia ter acontecido", disse o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira.

sábado, 16 de outubro de 2010

DILMA E A FÉ CRISTÃ

Frei Betto

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, Dilma e eu nos encontramos no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela na ala feminina, eu na masculina, com a vantagem de, como frade, obter permissão para, aos domingos, monitorar celebração litúrgica na Torre, como era conhecido o espaço que abrigava as presas políticas.
Aluna de colégio religioso na juventude, dirigido pelas freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava ativamente de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de “marxista ateia”. Aliás, raros os presos políticos que professavam convictamente o ateísmo. Nossos torturadores, sim, o faziam escancaradamente ao profanarem, com toda violência, os templos vivos de Deus: suas vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula.
De nossa amizade posso assegurar que não passa de campanha difamatória – diria mesmo, terrorista – acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que lembrar que, por ser bispo, nenhum homem é santo.
Poucos bispos na América Latina apoiaram ditaduras militares, absolveram torturadores, celebraram missa na capela de Pinochet... Bispos também mentem e, por isso, devem, como todo cristão, orar diariamente “perdoai as nossas ofensas...”
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho. É na coerência de suas ações, na ética de seus procedimentos políticos, na dedicação ao povo brasileiro, que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: que, se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria sítios e fazendas produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Vemos um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Nas breves semanas que nos separam hoje do segundo turno, forças de oposição ao governo Lula haverão de fazer eco a todo tipo de boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em toda a trajetória de Dilma, em tudo que ela realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez, relata o evangelista Mateus, indagaram de Jesus quem haveria de se salvar. Para surpresa dos que o interrogaram, ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem disse que seriam aqueles que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem disse que seriam aqueles que se julgam donos da doutrina cristã e se arvoram em juízes de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu-os: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; nu e me vestistes; oprimido, e me libertastes...” (Mateus 25, 31-46)
Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos uma vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.

Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros - www.freibetto.org twitter:@freibetto

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CUIDADO COM OS FALSOS E-MAILS

Estamos chegando à reta final da campanha. Faltam poucos dias para irmos às urnas eleger Dilma Rousseff presidente. As pesquisas continuam mostrando crescimento da nossa candidata e apontam para uma possível vitória no 1º turno.

Diante desse cenário de vitória, inúmeras mentiras sobre Dilma tem sido inventadas e espalhadas na internet. Chega-se ao absurdo de e-mails com frases, atribuídas a Dilma, que ela nunca disse.

A baixaria também reeditou a tática do medo, utilizada contra Lula em 2002. E espalhou, por exemplo, que o PT seria contra a liberdade de culto e a liberdade de imprensa, o que também não é verdade.

Já vimos este filme. Em 2002, após a bela vitória de Lula, o presidente foi muito feliz ao resumir a situação: "A esperança venceu o medo". E vai ser assim novamente, com a eleição de Dilma presidente.

Em todos os eventos de que tem participado, Dilma demonstra coerência e valores como responsabilidade, compromisso e, principalmente, respeito aos eleitores e aos adversários.

É isso o que tem norteado a campanha de nossa candidata. É inadmissível que queiram vencer as eleições com base em calúnias e difamações. Não se deixe enganar. Denuncie a baixaria na internet!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MUITO ESCÂNDALO PARA NADA

Por Luciano Martins Costa em 14/9/2010, no Observatório da Imprensa

A campanha eleitoral já acabou na imprensa, soterrada pela temporada de escândalos. Somente os dois principais jornais de economia e negócios, Valor Econômico e Brasil Econômico, parecem considerar que os escândalos têm pouca relação com a vida real e apenas apresentam registros esporádicos das denúncias, sem deixar que o tema domine suas pautas.

Os diários de assuntos gerais considerados de circulação nacional, pelo contrário, esqueceram os debates sobre planos de governo e entulham suas páginas com os escândalos.

Na segunda-feira (13/9), o Brasil Econômico publicou uma reportagem mostrando como a campanha deste ano repete as disputas de 2002 e 2006, com um dos candidatos – no caso deste ano, uma candidata – disparando na frente dos demais e sendo bombardeado por acusações na imprensa.

Tanto em 2002 como em 2006, segundo lembra o jornal, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva vinha liderando as pesquisas de intenção de voto quando se intensificaram os escândalos, exatamente no mês de setembro, como acontece neste ano.

Nas eleições anteriores, a tática deu certo, e a disputa acabou indo para segundo turno. Neste ano, com a candidata governista ainda subindo nas pesquisas, e faltando menos de três semanas para a eleição, o barulho parece ainda maior.

Destino da lama

As manchetes migram do caso de violação de sigilos fiscais a um suposto tráfico de influência com extrema rapidez, sem oferecer aos leitores condições para reflexão e interpretação. A intenção não parece ser informar ou simplesmente fundamentar as denúncias, e muito menos lançar alguma luz sobre o funcionamento do governo.

As pautas parecem selecionadas conforme o potencial de fazer grudar um pouco da lama diretamente na candidata. Se as acusações podem ser comprovadas, a imprensa deve ir fundo, mesmo depois das eleições. Mas como os jornais e revistas não dão continuidade às investigações, muito certamente tudo isso acaba no dia 3 de outubro, como aconteceu nas eleições anteriores. E ficaremos sem saber que medidas teriam sido tomadas para garantir a segurança dos dados da Receita Federal ou se houve ou não favorecimentos em tais ou quais operações financeiras.

A lama atirada para cima vai cair nas instituições públicas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

QUANDO A ASCENSÃO SOCIAL CAUSA MEDO E PERPLEXIDADE

Por Luiz Carlos Azenha

Há, por toda parte, da direita à esquerda, uma certa perplexidade. Intelectuais à esquerda e à direita se debruçam sobre a campanha eleitoral com uma ponta de saudosismo em relação ao passado e desprezo pela aparente despolitização do eleitorado. O domínio do marketing, a presença do Tiririca e a influência de Lula são apontados como sinais de que a democracia brasileira está às vésperas de um naufrágio.

Em um caderno especial, “Desafios do Novo Presidente”, o Estadão exibe sua saudade de um tempo em que ainda era possível controlar o protagonismo das multidões para negociar, por cima, uma “solução política”. Foi assim no movimento das Diretas Já! , em que o vozerio das ruas foi instrumentalizado para buscar uma democracia “de bastidores”. “Democracia à brasileira”, anuncia o Estadão, obviamente sem notar a ironia da foto que escolheu. Se tivesse escolhido uma imagem da greve dos metalúrgicos do ABC, em 1980, não seria, naturalmente, o Estadão, embora a greve tenha sido o golpe que de fato chacoalhou o regime militar.

Na Folha, um colunista identificou no Tiririca o símbolo de tudo o que há de errado com a política brasileira. Ele se esqueceu que a despolitização é herança da cidadania negada e está explícita não só nos candidatos bizarros, mas também em partidos que não resistem a prévias internas para a escolha do candidato a presidente. O dedaço, como se sabe, é um mal apenas quando praticado pelo atual presidente da República, nunca quando se dá em um apartamento de Higienópolis. Politização exige engajamento. A amnésia do colunista se estende à campanha movida contra as tênues tentativas do governo Lula de promover a cidadania política, através das conferências nacionais e do Plano Nacional de Direitos Humanos, campanha da qual fez parte… a Folha.

O Globo de domingo gastou uma página inteira de papel e tinta para falar em Vazio de ideias, por que a apatia e a ausência de reflexão tomaram conta da campanha eleitoral. Na página, o poeta Claufe Rodrigues prega “mudar radicalmente o sistema de representação”. Será que ele sonha com o voto censitário? O jornalista Eugenio Bucci trata como “discurso autoritário” a propaganda eleitoral de Dilma Rousseff que dá ênfase à ascensão social (‘”pusemos” não sei quantos brasileiros na classe média’). O sociólogo Bernardo Sorj fala em “massa apática”, sustentada pela “classe média pagadora, que se preocupa com problemas como liberdade de expressão, transparência do Estado e corrupção”.

Curiosamente, as pílulas de O Globo revelam mais sobre os entrevistados do que sobre a população brasileira, os eleitores brasileiros e a conjuntura política e econômica do Brasil. Revelam desconhecimento, preguiça intelectual e a falta de reflexão que eles, os entrevistados, preferem atribuir — como sempre — “aos outros”.

Infelizmente, pouca gente tem se dedicado até agora a estudar a erupção política de milhões de brasileiros como resultado da ascensão social que eles viveram nos últimos anos. O fenômeno, em números, foi retratado mais recentemente no estudo A Nova Classe Média: o Lado Brilhante dos Pobres, da Fundação Getúlio Vargas. Do ponto de vista da ciência política, foi estudado por André Singer, em Raízes sociais e ideológicas do Lulismo.

Além da ignorância, no entanto, torcer o nariz para a atual campanha eleitoral também serve a um objetivo político: desqualificar antecipadamente os eleitos. Para além do golpismo, no entanto, está a perplexidade de classe — e aqui localizamos a esquina onde se encontram direitistas e esquerdistas (alguns, pelo menos). O Brasil é um país de extrema concentração de poder, de riqueza e de saber. E o fenômeno que vai influenciar as eleições brasileiras a longo prazo representa uma ameaça a essa sociedade, em que as “ideias” políticas, de comportamento e de consumo “vertem” dos ungidos em direção às massas.

Assistimos, em câmera lenta, a uma revolução nos papéis sociais, que vai se acelerar quando a ascensão econômica se combinar com a interiorização do conhecimento, o acesso à universidade e as tecnologias de informação.

Perplexos, os que se acreditam mantenedores de nossa ordem hierarquizada confundem sua irrelevância com a decadência definitiva da democracia brasileira. É um jeito elegante de dizer que eles sentem desprezo pelos pobres

domingo, 12 de setembro de 2010

O GOLPE DE 64 E O BOMBARDEIO MIDIÁTICO DE 2010

Por Rodrigo Viana, O Escrevinhador



Releio o indispensável “O Governo João Goulart”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, em edição revista e ampliada – agora pela Editora Unesp. É obra impressionante, pelo volume de documentos e entrevistas que Moniz Bandeira recolheu, a reconstituir a marcha do confronto e do golpismo que abateu Jango.

Lá pelas tantas, no capítulo 10, ele conta o episódio em que Lacerda, “O Corvo”, vai ao “Los Angeles Times”, nos EUA, e anuncia que os militares brasileiros estavam avaliando o que fazer com Jango, se seria “melhor tutelá-lo, patrociná-lo, colocá-lo sob controle até o término do seu mandato ou destrui-lo agora mesmo”.

Corria o ano de 1963. Jango e os militares “legalistas” que o apoiavam viram na declaração de Lacerda uma senha de que a direita daria o golpe, e tentaram decretar o estado de sítio. Mas o presidente não teve apoio no Congresso para tanto. A ala brizolista do PTB, diz Moniz Bandeira, não queria estado de sítio, queria um processo revolucionário mesmo. Jango prendia-se à legalidade e, sem apoio para atacar os oponentes dentro da Constituição, acabou recuando. Caminhou a passos largos para a deposição.

Ali, se os trabalhistas tivessem atacado, o golpe poderia ter sido debelado. Faltou unidade, combatividade e compreensão do que estava por vir.

A falta de limites e de escrúpulos da oposição a Lula faz-me lembrar essa história de 47 anos atrás. Os tempos são outros, eu sei. Não há Guerra Fria. E hoje a oposição golpista não teria eco em jornais dos EUA – que se derretem em elogios a Lula.

Serra vai mal no papel de Lacerda. Bem que tentou: bateu à porta do Clube da Aeronáutica, feito vivandeira. Mas falta-lhe vivacidade, falta-lhe alma e pulso.

É por isso que a imprensa assumiu o comando da oposição. Segue o mesmo roteiro do pré-64. Os escândalos forjados e o golpismo são explícitos. Colam entre parcelas da classe média – que ainda não se animou a marchas com Deus. Elas virão? Provavelmente, não. Hoje, existem as correntes na internet, os jornalistas apedeutas de esgoto e as capas da “Veja”.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

AS OPOSIÇÕES E O 4 DE OUTUBRO

Por Marcos Coimbra, reproduzido de Carta Capital


Como o 3 de outubro torna-se mais e mais previsível, é hora de começar a especular sobre como será o dia 4. Ele chega logo e é bom estar preparado para entendê-lo.

É fácil imaginar a alegria de Dilma Rousseff, Lula, o PT, seus aliados e o governo. Não custa sublinhar o caráter histórico da vitória que deverão comemorar.

E as oposições? Como viverão esse dia?

A primeira coisa a dizer é que sua provável derrota pode ser tudo, menos surpreendente. Se houve algo inesperado nestas eleições presidenciais foi seu empenho em colocar a cabeça no cadafalso. Nem se tivessem fixado a meta de fazer tudo errado teriam ido tão longe.

Parte da responsabilidade pelos seus erros pode ser debitada às pesquisas de opinião. Não a elas (coitadinhas), que nada são além de instrumentos. Mas à leitura superficial do que diziam.

Tudo o que estamos vivendo e que, parece, será confirmado no dia 3 se definiu entre setembro e outubro de 2009. Foi quando a vantagem de José Serra nas pesquisas levou a duas consequências.

Para o conjunto das oposições, seja no meio político, seja na imprensa e na sociedade, produziu a impressão de que Serra era invencível contra a candidata “artificial” que Lula tinha inventado. Para o próprio Serra, ela limitou drasticamente as opções. Se, do alto daqueles números, decidisse permanecer em São Paulo, seria como abdicar em definitivo de qualquer projeto presidencial. Até seus aliados na mídia deixaram claro que não aceitariam que fizesse outra coisa. Se recuasse, nunca mais o apoiariam.

Naqueles meses, quem leu alguns de nossos colunistas mais conhecidos ficou com a impressão de que o problema de Serra era Aécio Neves. Na hora que o mineiro aceitasse a “candidatura natural” e cerrasse fileiras, assumindo o lugar de vice, não haveria mais obstáculos entre Serra e o Planalto. Lula, o governo, e Dilma não seriam problema: as pesquisas (sempre elas) mostravam que a candidata de Lula “não decolava”.

A vantagem de Serra levou as oposições a outro equívoco grave. Como nenhum nome aparecia com pontuação relevante, elas se convenceram de que não precisavam de outros. Bastava Serra, com seus 45%. Mais candidatos, de outros partidos, seriam apenas um diversionismo. Elas se achavam tão fortes (em razão das pesquisas) que queriam ir logo para o confronto com Lula e Dilma.

Uma leitura estática e limitada das pesquisas conduziu as oposições àquilo que Lula tinha antecipado que fariam: viriam com Serra e apenas com Serra. O plebiscito que tinha imaginado como condição de sucesso para quem o representasse estava pronto. Seria Serra contra sua candidata.

Lula nunca fez a leitura ingênua que seus adversários fizeram das pesquisas. Para ele, era totalmente irrelevante saber de quantos pontos Dilma partia. Só o interessava o cálculo de onde ela poderia chegar. Enquanto o PSDB e alguns jornalistas versados em pesquisas faziam as contas de “quantos pontos Serra tem”, ele olhava para a frente.

Quando, em dezembro de 2009, Aécio resolveu sair da disputa pela vaga tucana, a crônica de 2010 começou a ser escrita. Mês a mês, semana a semana, dia a dia, tudo o que aconteceu de lá para cá pôde ser antecipado.

É pouco provável que o resultado da eleição fosse diferente se Dilma enfrentasse Aécio. Mas é certo que as oposições sairiam da eleição mais bem situadas para o futuro.

Confirmado o resultado esperado, será a morte política de uma geração de lideranças oposicionistas, que terá ido embora sem preparar novos quadros para as eleições de 2014 (e as seguintes).

O melhor que teriam feito era admitir que ninguém derrotaria Lula neste ano, e mirar nas próximas. Era hora de lançar rostos para o futuro: um candidato a presidente que não estivesse, irremediavelmente, preso ao passado e um vice que não fosse motivo de chacota.

Cometendo os erros que cometeram em 2010, as oposições adiaram seus projetos de retorno ao poder por tempo indeterminado. Bom para quem deseja que o PT chegue ao que os tucanos tanto almejaram (e não conseguiram por incompetência): permanecer no poder por 20 anos.

* Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense.

sábado, 28 de agosto de 2010

DILMA, SEM SURPRESA!











Por Marcos Coimbra

Do jeito como vão, as eleições presidenciais não devem nos reservar surpresas de reta final. Ao contrário. Salvo algo inusitado, elas logo adquirirão suas feições definitivas, talvez antes que cheguemos ao cabo da primeira quinzena de veiculação da propaganda eleitoral na tevê e no rádio.

Por várias razões, a provável vitória de Dilma Rousseff- em 3 de outubro será saudada como um resultado extraordinário. Ao que tudo indica, ela alcançará uma coisa que Lula não conseguiu nem quando disputou sua reeleição: vencer no primeiro turno. Não que levar a melhor dessa maneira seja fundamental, pois o próprio Lula mostrou ser possível ganhar apenas no segundo e se tornar o presidente mais querido de nossa história.

É preciso lembrar que Lula não a obteve em 2006 por pouco, apesar de sua imagem ainda sangrar com as feridas abertas pelo mensalão. Ele havia chegado aos últimos dias daquele setembro com vantagem suficiente para resolver tudo ali mesmo e só a perdeu quando sofreu um ataque sem precedentes de nossa “grande imprensa”.

Aproveitando-se do episódio dos “aloprados”, fazendo um carnaval de sua ausência no debate na Globo, ela balançou um eleitorado ainda traumatizado pelas denúncias de 2005. Lula deixou de vencer em 1º de outubro, o que, no fim das contas, terminou sendo ótimo para ele. No segundo turno, a vasta maioria da população concluiu o processo de sua absolvição, abrindo caminho para o que vimos de 2007 em diante: ele nunca mais caiu na aprovação popular e passou a bater um recorde de popularidade atrás de outro.

Com as pesquisas de agora, é difícil estimar com precisão quanto Dilma Rousseff poderá ter no voto válido. Não é impossível que alcance os 60% que Lula fez, no segundo turno, na última eleição. E ninguém estranharia se ela ultrapassasse os 54% que Fernando Henrique obteve em 1994, com o Plano Real e tudo.

Para fazer essas contas, é preciso levar em consideração diversos fatores. Um é quanto Marina Silva poderá alcançar, a partir dos cerca de 8% que tem hoje. Há quem imagine que ela ainda cresça, apesar do mísero tempo de televisão de que disporá. Com uma única inserção em horário nobre por semana e um tempo de programa praticamente idêntico ao dos candidatos pequenos, não é uma perspectiva fácil.

O segundo fator é o desempenho dos candidatos dos partidos menores, dos quais o mais relevante é Plínio de Arruda Sampaio. Muito mais que seus congêneres de extrema esquerda, ele pode se transformar em opção para a parcela de eleitores que vota de forma mais ideo-lógica ou que apenas quer expressar seu “protesto”. Embora as pesquisas a respeito desse tipo de eleitor não sejam conclusivas, isso pode, talvez, ocorrer em detrimento de Marina: à medida que Plínio subir, ela encolherá. O que não afetaria, portanto, o tamanho do eleitorado que não votará em Dilma ou Serra.

Para, então, projetar o tamanho da possível vitória de Dilma, o relevante é saber o piso de Serra. Se ele cairá, considerando seu patamar atual, próximo a 30%.

Só o mais otimista de seus partidários acredita (de verdade) que a presença de Lula na televisão será inútil para Dilma e que seu apelo direto ao eleitor não produzirá qualquer efeito. Ou seja, ninguém acredita que ela tenha já atingido seu teto, com os 45% que tem hoje.

O voto em Serra tem, no entanto, três fundamentos, todos, aparentemente, sólidos: 1. É um político respeitado no maior estado da federação, que governou, até outro dia, com larga aprovação. 2. Representa o eleitorado antipetista,- aquele que pode até tolerar Lula, mas que nunca votou e nunca votará no PT. 3. Tem uma imagem nacional positiva, conquistada ao longo da vida e, especialmente, quando foi ministro da Saúde.

De São Paulo deve sair com 45% dos votos, o que equivale a 10% do País. O antipetismo lhe dá mais cerca de 10% e a admiração por sua biografia no restante do eleitorado, outro tanto (tudo em números redondos).
Se essas contas estiverem corretas, Serra teria pouco a perder nas próximas semanas. Em outras palavras, já estaria, agora, perto de seu mínimo.

Fica simples calcular o resultado que, hoje, parece mais provável para 3 de outubro: Serra, 30%; Marina e os pequenos, 10%; brancos e nulos, entre 8% e 10% (considerando o que foram em 2006 e 2002, depois da universalização da urna eletrônica); Dilma, entre 50% e um pouco menos que 55%. Nos válidos: Marina (e os pequenos) 11%, Serra 33%, Dilma 56%.

Talvez seja arriscado fazer essas especulações. Talvez não, considerando quão previsível está sendo esta eleição.

Fonte: Carta Capital.