quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O SÓRDIDO PRIMEIRO MARIDO

Talvez, a melhor medida tomada por Yeda Crusius nos seus dois anos de administração, tenha sido a extinção do Conselho Estadual de Comunicação e a consequente exoneração de seu marido, Carlos Crusius. A carta divulgada na tarde de terça-feira pelo marido da governadora acusando a CPI do Detran de ter causado a depressão do ex-chefe do escritório de representação do RS em Brasília, Marcelo Cavalcante, é de um despropósito raras vezes cometido por uma figura da cena política gaúcha.Crusius afirma que Cavalcante se suicidou (o que, do ponto de vista da comunicação, é um erro crasso já que não há confirmação oficial desta hipótese por parte da polícia) porque teria "perdido a alegria" depois que gravações onde aparece falando com Lair Ferst foram divulgadas na CPI.Setores da oposição estão classificando como "sordidez política inacreditável" o gesto do primeiro-marido. Os termos escolhidos por Crusius para comentar um episódio tão trágico são, de tal forma carentes de lógica, embasamento e respeito, que ofendem não só a sociedade gaúcha como o próprio governo a que ele, embora desligado oficialmente, continua politicamente ligado.Nem mesmo o choque pela perda do amigo explica um comportamento tão disparatado por parte de alguém que, até ontem, ocupava a presidência de um conselho estadual. E de comunicação! Crusius chamou de abutres os membros da CPI do Detran e o fez no mesmo dia em que sua esposa, a governadora, tratou a CPI como famigerada. Seriam estas, por acaso, críticas políticas? Ou teria, a família Crusius, descambado para a ofensa, a injúria, o dano moral, o desrespeito institucional? Seria este um caso a ser levado para o Ministério Público?Para Raul Pont, vice-líder do PT, Carlos Crusius erra o alvo ao atribuir a depressão de Marcelo Cavalcante à perda do cargo no governo. "Ora, mas quem o demitiu foi a sua esposa, a governadora. E alguém pensaria que Yeda é responsável pela morte deste senhor? Claro que não, porque isto não faz o menor sentido".A CPI do Detran era integrada por deputados de todos os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa e as decisões tomadas no âmbito da comissão eram submetidas a voto e resolvidas pela maioria. Mesmo que estivesse chocado e comovido como alertou no início da carta, o arrebatamento vocabular de Crusius acabou por ofender todo o parlamento gaúcho. Do episódio, lamentável sob todos os seus aspectos, resta a constatação de que, ao menos quando tirou de cena o marido, Yeda fez um bem para o Estado. (Maneco)

Nenhum comentário: