quinta-feira, 2 de julho de 2009

MORRE O JORNALISTA SANTANENSE OSMAR TRINDADE

Fundador e ex-presidente da pioneira Cooperativa dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Osmar Béssio Trindade, de 72 anos, natural de Santana do Livramento, morreu ontem a noite no Hospital Santa Rita, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, instituição especializada em tratamento de câncer.Trindade foi um dos mais competentes e éticos profissionais de imprensa do país, tendo se destacado inicialmente como editor de Polícia no jornal Folha da Manhã, da Companhia Jornalística Caldas Júnior, de Porto Alegre. A linha editorial de respeito aos direitos humanos e explicitando a natureza social do noticiário policial, contrariou o regime autoritário então vigente. Essa atuação, somada à orientação independente do noticiário político e econômico da Folha, levou ao fechamento da publicação, experiência estimulante que durou poucos anos no início da década de 70.Trindade e outros jornalistas fundaram, então, a Cooperativa dos Jornalistas, que logo ganhou notoriedade com as reportagens independentes e provocativas do Jornal da Coojornal. Porém, mais uma vez, o governo interviu e conseguiu calar a publicação, levando a Cooperativa à falência.Em 1980, acusado de divulgar documentos secretos do Exército, Trindade foi preso, num quartel em Porto Alegre, junto com os jornalistas Rafael Guimaraens, Rosvita Sauressig e Elmar Bones. Quando saiu, alguns meses depois, decidiu deixou o país, exilando-se na África, onde trabalhou durante 15 anos em Moçambique, como assessor técnico da UNICEF, acompanhando luta pela independência daquele país.De volta ao Brasil, em 1991, editou a Folha do Amapá, a convite do governador do Amapá, João Alberto Capiberibe. Mais recentemente, trabalhou em campanhas políticas na condição de free-lancer e, ultimamente, discutia com um grupo de jornalistas a criação de um novo jornal em Brasília. Internado no dia 24 de maio no Hospital Regional Asa Norte, Trindade foi transferido no sábado passado, dia 27 para Porto Alegre, em estado grave. Em seus últimos dias teve o apoio de uma rede de solidariedade organizada por amigos e familiares, mobilizados inclusive no exterior.Osmar Trindade deixa um legado marcado pela independência e coragem na atuação profissional, comprovando que é possível fazer jornalismo com um sentido ético e de respeito aos direitos humanos.

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